Gustavo José
Barbosa*
“Era assim Ernesto
Belmont!
Nova Cruz muito
lhe deve.
Não falar dele,
não citar seu nome,
na história da
cidade,
é querer apagar
uma página preciosa,
ignorar o papel de
relevo que exerceu”.
Antenor Laurentino Ramos
A militância política da família Belmont em Araruna remonta
a fundação da vila no ano de 1876, pois Manoel d´Azevedo Belmont, avô paterno
de Afonso, foi um dos primeiros membros da Câmara do município (1877), junto
com pioneiros daquele lugar: Manuel Januário Bezerra
Cavalcanti (presidente), Joaquim Cassiano Bezerra, João Themoteo Queiróz e Targino
Pereira da Costa. Cabe destacar que o pai de Afonso, o coronel Afonso Vieira de
Mello Belmont (1848-1919) foi uma importante liderança política em Nova Cruz, exercendo
cargos na Intendência Municipal e foi eleito deputado para o Congresso
Legislativo do Rio Grande do Norte no ano de 1911.
A inserção de Afonso Belmont na política novacruzense
desta forma foi um processo natural, tendo fundado no ano de 1915 o jornal
A Liberdade que cumpriu a tarefa de propagar as ideias do seu grupo político.
No entanto, Afonso não exerceu funções no Conselho da Intendência Municipal, desempenhou
uma tarefa de “aconselhador político” nos mandatos do seu irmão Targino Ernesto
Belmont (1884-?), do seu cunhado Antônio Thiago Gadelha Simas (1871-1942) e
marcando o fim da República Velha, do seu sobrinho, o desembargador Mario
Gadelha Simas (1904-1989).
Cabe salientar que outra liderança da política
novacruzense, o comerciante Nestor José Marinho (1888-1947), que até a década
de 1920 participou da oposição aos velhos republicanos comandados por Anísio
Alípio de Carvalho (1864-?), foi influenciado por Afonso no seu mandato como
presidente da Intendência Municipal e posteriormente como deputado no
legislativo potiguar. Naquela Nova Cruz do alvorecer do século passado o ritmo da
vida das pessoas era regulado pelo sino da matriz de Nossa Senhora da
Conceição, pelo barulho do trem e pela movimentação da feira livre, e Afonso
foi responsável por tomar nota no seu cartório de centenas de nascimentos,
casamentos e óbitos.
Nascido
em Goianhinha (RN), casado com a tia paterna, D. Claudina Cândida Belmont “Candinha”, Afonso não teve filhos,
faleceu e foi sepultado no lugar onde trabalhou e viveu do seu ofício. A vida do
tabelião foi lembrada com riqueza de detalhes pelo professor Antenor Laurentino
Ramos no livro “Memorial da Anta Esfolada: Nova Cruz no espaço e no tempo”; a
obra cumpre um papel de grande importância na historiografia novacruzense e também
para aqueles, que como eu, não conheceram este personagem que moldou a vida do
município até sua partida para eternidade.
*
Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
(IHGRN) e sócio correspondente do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica
(IPGH). E-mail: gustavoufpb@outlook.com
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