Gustavo José
Barbosa*
Setores importantes da sociedade
brasileira no campo da indústria e da agropecuária assistiu com atenção nas
últimas cinco décadas os conflitos existentes entre os técnicos de nível médio
e estrutura dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA´s).
Quando observamos a histórias das
categorias profissionais percebemos que em diversos momentos as entidades
sindicais buscaram junto ao Governo Federal a criação de um Conselho, mas a
única presidente da República que protagonizou tal feita foi Dilma Rousseff,
poucos dias antes de deixar o Planalto no ano de 2016.
Se não podemos esquecer a
Mensagem que Dilma enviou à Câmara dos Deputados para criação dos Conselho
Federal dos Técnicos Agrícolas e Industriais e os Conselhos Regionais dos
Técnicos Agrícolas e Industriais, tampouco podemos dar as costas para as
entidades que verteram sangue, suor e lágrimas para ver esse sonho histórico
concretizado: Associação dos Técnicos Agrícolas do Brasil (ATABRASIL),
Federação Nacional dos Técnicos Industriais (FENTEC), Organização Internacional
dos Técnicos (OITEC) e apartir do ano de 2017 a Federação dos Técnicos
Agrícolas do Brasil (FINTA-BR).
Durante dois anos de caminhada do
Projeto de criação dos Conselhos no Congresso Nacional foi nítida a tentativa
de algumas lideranças caducas dos técnicos agrícolas em enterrar nosso projeto,
pois eles acreditavam que não poderia haver uma autarquia única para as duas categorias
profissionais. O discurso destes arautos da verdade estava embebecido de um
orgulho que não atentava para realidade financeira e administrativa das futuras
entidades, e que norteou a presidente Dilma a encaminhar o Projeto com um
Conselho único para os técnicos agrícolas e técnicos industriais.
Passados doze meses e sem haver
ainda eleição sequer para a diretoria do Conselho Federal dos Técnicos Agrícolas
(enquanto os industriais já elegeram os membros das quatro instâncias dos seus
Conselhos) aparecem vídeos e postagens de um terceiro grupo de possíveis
candidatos à diretoria totalmente deslocados da realidade e que em nada
apresenta de novo na caminhada da categoria profissional.
O mote destes agricolinos catecúmenos
é que é preciso eleger um grupo dirigente para o nosso Conselho que não esteja
envolvido nos conflitos bélicos que arrastam as duas federações e a categoria
para um possível precipício.
É louvável que surjam grupos interessados
no Conselho e na luta dos técnicos agrícolas, embora um pouco tarde no relógio do
tempo; mas querer apagar a importância das entidades representativas dos
técnicos é um pouco cômico
Dentre as muitas histórias bíblicas
encontramos a de Balaão que ousou trilhar caminhos diferentes do Deus do seu
povo, e vendo que a jumenta que o levava para sua missão não atendia suas
ordens passou a espanca-la. Percebendo o
ato de desobediência aconteceu que “e a jumenta disse a Balaão: Porventura não
sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que me tornei tua até
hoje? Acaso tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não”1.
A democracia que todos nós almejamos é um campo
fértil para o surgimento de dezenas de chapas para disputarem os Conselhos dos
Técnicos Agrícolas, mas querer apagar a importância da ATABRASIL, FENTEC, OITEC
e FINTA-BR na construção do Conselho é um erro político. Se não fosse essas
entidades que “não param de brigar” sequer haveria Conselho para disputar, e seríamos
injustos para com a história como foi Balaão que esqueceu como sua jumenta lhe
foi útil durante tanto tempo.
As
nossas entidades (associações e sindicatos) juntas com o Conselho irão
dinamizar a vida dos profissionais técnicos agrícolas e contribuir com a
retomada do crescimento econômico do nosso país que precisa de trabalhadores na
assistência técnica, extensão rural, pesquisa, defesa agropecuária e em tantos
setores importantes no setor rural.
1
Número 22:30
* Técnico Agrícola pela
Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ-UFRN).
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