Professor Rivaldo, como era chamado, fez história na Escola Agrícola de Jundiaí, onde foi um dos fundadores e lecionou por mais de trinta e cinco anos.
A Escola de Jundiaí era motivo de orgulho para o professor e parte da sua vida. Sempre se referia com muito carinho e devoção à instituição onde, além de ensinar, exerceu funções de coordenação e administração.
E Rivaldo era lembrado com respeito por todos. Durante mais de seis décadas, fez questão de participar de todas as festas de ex-alunos. Mesmo aposentado, costumava colaborar com as atividades da Escola. E a EJA do Professor Rivaldo, o fazia vibrar com tudo que dizia respeito à instituição.
Rivaldo nasceu em Nova Cruz, ou “Novaca”, como se referia, em 06 de agosto de 1927. Filho de Fenelon D’Oliveira e Ana Bezerra de Oliveira, passou a infância ao lado dos seis irmãos na capital do Agreste.
Em 1946, fez exame para admissão no curso Técnico Agrícola da Escola de Agronomia do Nordeste, em Areia, na Paraíba. Lá, além de concluir o curso técnico, conheceu Terezinha, sua esposa e companheira por mais 60 anos.
Ainda solteiro, Rivaldo assumiu como professor na EJA. Em setembro de 1953, casou com Terezinha e passaram a residir na Escola. Isso acabou estreitando os laços de amizade com muitos de seus alunos.
Além da formação na escola técnica em Areia, Rivaldo também se formou bacharel em Geografia pela UFRN. Foi Diretor da Escola Comercial de Macaíba, da Escola Normal na mesma cidade e também substituto do Diretor da Escola de Jundiaí.
Escola Agrícola de Jundiaí (2001) |
Também recebeu homenagens por sua história com a cidade de Macaíba. Recebeu o título de Cidadão Macaibense e o Diploma de Mérito Auta de Souza concedidos pela Câmara de Vereadores daquele município. Foi condecorado também com a Medalha do Mérito Augusto Tavares de Lyra, concedida pelo prefeito da cidade. Era membro Academia de Letras de Macaíba e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Em Natal, recebeu o Título de Mestre da Vida, pela Câmara de Vereadores no ano de 1999 e foi homenageado com o Prêmio Técnico Agrícola Potiguar por ocasião dos 25 Anos do Movimento Potiguar dos Técnicos Agrícolas.
Na literatura, publicou em 2009, o livro “Escola Agrícola de Jundiaí - Ontem, hoje e amanhã”, que conta os 60 anos de história do instituição.
Dos mais de 60 anos de união com Terezinha, Rivaldo teve dez filhos, sendo uma de coração, dezenove netos, três bisnetos, uma a caminho, e muitos amigos.
Testemunho
Obrigada, vovô*
Eu tinha planejado escrever algo parecido com esse texto, uma homenagem simples, para as comemorações dos 60 anos de casados, bodas de diamante em setembro deste ano. Mas a vida mostrou que não é a gente que planeja ou ordena como ela deve seguir.
Mesmo assim, quero agradecer. Agradecer pela oportunidade do convívio com um homem que foi, é e vai continuar sendo um exemplo, não só para nossa família, mas para todos aqueles que também tiveram o privilégio de conviver com o Professor Rivaldo, nosso “seu Professorzinho”. Porque esse legado de conhecimento eu terei o cuidado de repassar para sua terceira bisneta, Maria Flor, que está chegando.
E eu tive vários privilégios enquanto neta. Oportunidades únicas que tenho certeza que não são todos que tem. A neta-jornalista teve a incumbência de entrevistar os avós em 2003, para escrever sobre a história deles na ocasião das comemorações de 50 anos de casados. E essa entrevista só fez crescer a admiração pelo exemplo de vida a dois que Rivaldo e Terezinha puderam desfrutar.
A neta-jornalista também teve o privilégio de fazer vezes de assessora de imprensa, e acompanhar o avô na gravação do programa Memória Viva, exibido pela TVU, em novembro de 2006. E através dos relatos de dois de seus grandes amigos, Diniz Pípolo e Damião Pita, conhecer mais sobre o homem que tantos admiravam.
A neta-jornalista teve o privilégio de poder entrevistar o avô num programa de rádio na CBN Natal, durante quase duas horas. E essa oportunidade valiosa serviu para reforçar o que eu já sabia: a admiração e respeito guardados por aqueles que puderam conviver com ele.
Porque eu também tive o privilégio de, ao fazer um curso de noivos na paróquia Santa Terezinha, assistir a um relato bem-humorado sobre nomes de crianças. E lembro com carinho quando, para exemplificar nomes bonitos, o avô puxou brasa para sua sardinha ao dizer: “Cristina é um nome simples, bonito. Nome de rainha, nome de santa”.
Um homem que dizia, com orgulho, ser homem de uma mulher só. Que, ao sentar para as refeições, chamava a esposa: “venha dona Terezinha, enfeitar esta mesa”.
Porque eu tive o privilégio de ser neta e conviver com um grande homem. Um pai que sempre se preocupou com a educação. Não só dos seus, mas dos outros também. Um homem que amava a geografia, a educação e a cultura como formas de ampliar conhecimentos. O homem que tinha em seu escritório em casa, mapas do Rio Grande do Norte, do Brasil e do mundo e que fazia questão de saber as capitais dos países menos conhecidos por nós. Um homem apaixonado pela Escola Agrícola de Jundiaí e orgulhoso por ter feito parte dessa história.
Um homem que amava ensinar. Que morando em Jundiaí, ensinava em Macaíba. E, mesmo com a suspensão do transporte dos professores pela prefeitura, ia a pé para a cidade, para não deixar os alunos sem aula. Um exemplo.
Parece que a genética se manifestou e acabei escrevendo demais. Tal qual o avô quando discursava, me estendi. Não esqueçamos o conselho dos discursos “sede breve e agradarás”.
E por vários outros motivos a neta-jornalista utiliza um momento de adeus para não deixar passar a gratidão. Obrigada, vovô.
*Cristina D’Oliveira Vidal Bezerra, jornalista
Obrigada, vovô*
Eu tinha planejado escrever algo parecido com esse texto, uma homenagem simples, para as comemorações dos 60 anos de casados, bodas de diamante em setembro deste ano. Mas a vida mostrou que não é a gente que planeja ou ordena como ela deve seguir.
Mesmo assim, quero agradecer. Agradecer pela oportunidade do convívio com um homem que foi, é e vai continuar sendo um exemplo, não só para nossa família, mas para todos aqueles que também tiveram o privilégio de conviver com o Professor Rivaldo, nosso “seu Professorzinho”. Porque esse legado de conhecimento eu terei o cuidado de repassar para sua terceira bisneta, Maria Flor, que está chegando.
E eu tive vários privilégios enquanto neta. Oportunidades únicas que tenho certeza que não são todos que tem. A neta-jornalista teve a incumbência de entrevistar os avós em 2003, para escrever sobre a história deles na ocasião das comemorações de 50 anos de casados. E essa entrevista só fez crescer a admiração pelo exemplo de vida a dois que Rivaldo e Terezinha puderam desfrutar.
A neta-jornalista também teve o privilégio de fazer vezes de assessora de imprensa, e acompanhar o avô na gravação do programa Memória Viva, exibido pela TVU, em novembro de 2006. E através dos relatos de dois de seus grandes amigos, Diniz Pípolo e Damião Pita, conhecer mais sobre o homem que tantos admiravam.
A neta-jornalista teve o privilégio de poder entrevistar o avô num programa de rádio na CBN Natal, durante quase duas horas. E essa oportunidade valiosa serviu para reforçar o que eu já sabia: a admiração e respeito guardados por aqueles que puderam conviver com ele.
Porque eu também tive o privilégio de, ao fazer um curso de noivos na paróquia Santa Terezinha, assistir a um relato bem-humorado sobre nomes de crianças. E lembro com carinho quando, para exemplificar nomes bonitos, o avô puxou brasa para sua sardinha ao dizer: “Cristina é um nome simples, bonito. Nome de rainha, nome de santa”.
Um homem que dizia, com orgulho, ser homem de uma mulher só. Que, ao sentar para as refeições, chamava a esposa: “venha dona Terezinha, enfeitar esta mesa”.
Porque eu tive o privilégio de ser neta e conviver com um grande homem. Um pai que sempre se preocupou com a educação. Não só dos seus, mas dos outros também. Um homem que amava a geografia, a educação e a cultura como formas de ampliar conhecimentos. O homem que tinha em seu escritório em casa, mapas do Rio Grande do Norte, do Brasil e do mundo e que fazia questão de saber as capitais dos países menos conhecidos por nós. Um homem apaixonado pela Escola Agrícola de Jundiaí e orgulhoso por ter feito parte dessa história.
Um homem que amava ensinar. Que morando em Jundiaí, ensinava em Macaíba. E, mesmo com a suspensão do transporte dos professores pela prefeitura, ia a pé para a cidade, para não deixar os alunos sem aula. Um exemplo.
Parece que a genética se manifestou e acabei escrevendo demais. Tal qual o avô quando discursava, me estendi. Não esqueçamos o conselho dos discursos “sede breve e agradarás”.
E por vários outros motivos a neta-jornalista utiliza um momento de adeus para não deixar passar a gratidão. Obrigada, vovô.
*Cristina D’Oliveira Vidal Bezerra, jornalista
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