Gustavo José
Barbosa*
“Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado.
”
Ruy
Barbosa
Ao aproximar-nos do alvorecer de um novo ano, entre mensagens
calorosas, taças de champanhe e propagandas das chapas que concorrem às
diretorias dos Conselhos Regionais dos Técnicos Industriais (CRT´s), nós
técnicos agrícolas contemplamos um fim de 2018 com certa nostalgia e desolação,
pois este período não se encerra no tocante à construção do nosso Conselho
Profissional.
Com o advento da Lei nº 13.639, de 26 de março de 2018, que
criou os Conselhos dos Técnicos Agrícolas e dos Técnicos Industriais, pondo fim
a uma relação conflituosa dos profissionais de nível médio nos Conselhos
Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA´s), esperava-se que entre abril e
dezembro deste ano fosse possível materializar esta vitória.
Pois entre garrafas de vinho entregues ao presidente da
República, audiências infrutíferas convocadas pela Confederação Nacional das
Profissionais Liberais (CNPL) para organizar o pleito eleitoral, quase uma
dezena de ações judiciais, Decreto normatizando a eleição (cuja
constitucionalidade ainda é questionada na Câmara dos Deputados1), e
tantos outros capítulos desta trilogia, ainda não temos um Conselho.
A CNPL conseguiu em tempo hábil a realização da eleição do
Conselho Federal dos Técnicos Industrias (CFT) e apesar de todas as dificuldades,
os membros do CFT terminam o ano com avanços na organização da entidade; enquanto
isto as dúvidas se espalham entre os técnicos agrícolas, e a ambição pelo poder
de grupos com práticas políticas verticalizadas não produzem um ambiente
saudável para que a luz incida sobre essa crise.
É necessário que a legalidade seja a tônica que dinamize o
processo eleitoral da primeira e histórica diretoria e os membros dos plenários que serão eleitos para os Conselhos dos Técnicos Agrícolas, sabendo que todos os profissionais devem ser
convidados a participarem desta ação e não somente como coadjuvantes (sob a
tutela de líderes que parecem inerrantes ou daqueles que agora buscam o poder pelo poder), mas como atores deste novo tempo que
já deveria ter iniciado para nossa categoria profissional.
Os judeus desde que partiram de sua terra em 70 d.C. para
diáspora clamam sempre na comemoração da Páscoa: Leshana Habaa B'Yerushalayim (No ano que vem, em Jerusalém).
Nós técnico agrícolas desde 1966 também almejamos: no ano que vem, com nosso
Conselho!
Nota
1 Trata-se do Projeto de
Decreto Legislativo (PDC) nº 1031/2018 de autoria do deputado federal
Subtenente Gonzaga (PDT-MG) que susta o Decreto nº 9.461, de 08 de agosto de
2018, que regulamenta o art. 34 da Lei nº 13.639, de 26 de março de 2018, que
dispõe sobre o primeiro processo eleitoral do Conselho Federal dos Técnicos
Agrícolas e do Conselho Federal dos Técnicos Industriais e tramita na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ).
*Técnico Agrícola pela
Escola Agrícola de Jundiaí.
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