Gustavo José Barbosa
“Mas a Anta esfolada
não foi
esquecida e reaparece
teimosa
nas estórias, nas
palestras,
ressuscitadoras do
passado”.
Luís da
Câmara Cascudo
Década de
1840
O jornalista Antônio Barros Pontes ao
escrever sobre os primórdios da povoação que se formou às margens do Rio
Curimataú, informou que Anta Esfolada pertenceu no princípio ao município de
Vila Flôr (RN). Em seguida, citou a Resolução n° 100, de 27 de
outubro de 1843, que criou o Distrito de Paz da Anta Esfolada, um avanço que
possibilitou certa autonomia de conotação política, administrativa, judicial,
dentre outras prerrogativas.
Três anos depois, o Distrito da Anta
Esfolada foi anexado ao município de Goianinha (RN) por meio da Lei Provincial
n° 150, de 20 de outubro de 1846, quando presidiu a província do Rio Grande do
Norte o Dr. Casimiro José de Morais Sarmento (1813-1860), do Partido
Conservador. A expressão distrito acima citada significa que Anta Esfolada
possuiu naquela época uma determinada soberania relativa aos seus atos
administrativos, judicial ou fiscal.
Década de
1850
Recorrendo aos
escritos de Augusto Tavares de Lira (1872-1958) e também de Anfilóquio Câmara, verifica-se
que a Lei Provincial n° 245, de 15 de março de 1852, criou o município de Nova
Cruz. O termo município é um resquício da divisão administrativa utilizada
pelos romanos e portugueses, empregada posteriormente no Brasil para designar,
segundo a tradição, o lugar que tinha autonomia para criar suas próprias leis.
Ocorre que, ao publicar
um estudo sobre as denominações dos municípios potiguares, o Dr. Manoel Dantas (1867-1924)
deu ciência que uma Lei Provincial de 23 de março de 1852 que anexou novamente
o município de Nova Cruz ao de Vila Flôr. Percebe-se que houve uma constante
mudança nas anexações de Nova Cruz ao longo desses anos aos municípios de Vila
Flor, Goianinha e finalmente à Vila Flôr, de acordo com as deliberações tomadas
pelos administradores da Província do Rio Grande do Norte.
Década de 1860
A penúltima mudança substancial destas transições na
história de Nova Cruz aconteceu no ano de 1860, quando a sede do município foi
instalada em São Bento (RN) – atual Serra de São Bento. Finalmente, com o
advento da Lei Provincial n° 609, de 12 de março de 1868, proposta pelo
deputado provincial Jeferson Mirabeau de Azevedo Soares, a sede do município,
bem como a da Freguesia, foi transferida para Nova Cruz.
Década de 1910
Joaquim Ferreira Chaves |
Além destas inúmeras mudanças, que enriquecem a história
política de Nova Cruz ao longo dos anos, é importante também lembrar fatos
relacionados à religiosidade local, que remontam a primeira metade do Século
XIX, época em que nossos patrícios reuniam-se numa pequena capela sob a
invocação de Nossa Senhora do Ó e posteriormente de Nossa Senhora da Conceição,
cuja Festa se aproxima.
Referências
CÂMARA,
Anfilóquio. Cenários municipais:
1941-1942. Natal: Oficina do DEE, 1943.
DANTAS,
Manoel. Denominação dos municípios.
Natal: Typographica Natalense, 1922.
Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística. Enciclopédia
dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1960. 17 v.
LIRA,
Augusto Tavares de. História do Rio
Grande do Norte. Brasília: Senado Federal, 2012. 167 v.
NOBRE,
Manoel Ferreira. Breve notícia sobre a
Província do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Pongetti, 1971.
PONTES,
Antônio Barroso. Aspectos da situação atual de Nova Cruz. O Poti, Natal,
11/02/1958, p 3.
Rio
Grande do Norte. Actos legislativos e
decretos do Governo: 1919. Natal: Typografia Commercial, 1920.
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